Da floresta para os trilhos e história
Como quem tem saudades e não quer mais soltar,
Em forma de abóboda sinistra
Com alguns mitos a cintilar.
Pressiona a luz de volta aos sonhos,
Dá novo sentido à vida.
Chega já com ânsias de partida,
O vento negro que varre os morros.
E, em tons de amizade, junto ao fogo
d'uma fogueira na floresta nativa,
Perto dos trilhos da era dos caboclos,
Em silêncio, labaredas contemplamos.
Anular voluntário do mundo moderno,
Voltamos à altivez d'um outro século
Quando bravos por aqui faziam fogueira
E ao pé d'um fogo chimarreavam a noite inteira.
Quantos mais aqui depositaram seus anseios?
Abro o livro da floresta; vejo monges, tropeiros.
Vejo refletidos nas imagens das árvores, passando ali no trilho
Um dragão, um soldado e um santo andarilho.
Advém-me, de susto, um mistério;
A linha que divide o antigo e o moderno,
O mito e o mundo da técnica
Não é o trilho a linha que cruzamos na guerra?
Quando pisamos nestes caminhos antigos,
Percebemos que são os mesmos de outros tempos
E transportamos nossa existência, no abrir do livro,
Ao passado, ao ler os signos sussurrados no vento.
Ofereço um mate ao viajante, eco antigo,
Que cansado pára após o segundo túnel
Em nosso fogo hospitaleiro,
E retorna ao vento como sombra volúvel.
Há lugares com essências que mudam a maneira
De ver as coisas do mundo, num sentir profundo
Que atinge até a alma no seu fundo,
E a faz ver rostos de seus insignes no crepitar da fogueira.
Ponte nativa entre os mundos,
Do ancestral e do moderno,
Refúgio dos universos cansados
Em noites de lua, vento e mistério.
Aqueço-me e a mata se apresenta diáfana.
Além do veloz vento, se mostra imponente
Sobre o túnel e sobre a copa da araucária
O Cruzeiro do Sul orientando os viventes.
Apaga-se o fogo e fecha-se o livro dos trilhos.
E revestidos de arcaica sanidade,
Retornamos à entropia da modernidade
Legando as visões ancestrais da natureza
Como herança aos nossos filhos.
Eu gostei muito do seu poema, eu sigo você e você tem meu voto e meu descanso. Eu também gosto de escrever muito.
Fico feliz! Obrigado pelo apoio! Vou lá conferir os seus textos :)
Fantástico poema! Fortíssimo!
Obrigado :)
Esse chegou a ser publicado num livro de poemas sobre o contestado, uma coisa bem simples.
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