um degrau de cada vez.

vivemos numa constante ansiedade de fazer, de realizar. uma ansiedade que consome nosso desejo de ser, de viver.

medimos e damos valor ao nosso tempo a partir da perspectiva capitalista de acúmulo de capital, nos iludindo com a ideia de que, se estamos ganhando dinheiro, estamos ocupando bem nossas horas.

mas e nas outras horas que sobram, será que encontramos oportunidade para existir em paz neste mundo, sem tanta cobrança? confesso que esse é um exercício difícil pra mim.

procuro tentar perceber os momentos que me geram mais ansiedade, mais inquietação, e fazer um exercício de consciência do momento presente; respirar fundo, aceitar o tal do presente, sem julgamento sobre o que ele é. as coisas são o que são.

é nessas pequenas pausas que às vezes me surpreendo com a ideia de que nada acontece a partir do nada: tudo são construções, pequenas parcelas somadas, concatenadas, unidas, com ou sem algum propósito ou objetivo, mas que compõe o todo.

analogamente, ideias e projetos também podem ser destrinchados e reorganizados como pequenos passos, um degrau de cada vez.

talvez você pare agora para respirar e interromper o automático do seu existir, e reflita que o tal do momento presente que você se encontra não te agrada. mas sofrer pelo que ele é, infeliz ou felizmente, não muda o que ele é: o seu existir apenas existe, quer você goste ou não. mas cabe a você seguir vivendo dia após o outro, momento após momento, da melhor forma que você puder, para si mesmo, seus próximos e para todos os outros.

já é um desafio e tanto. mas eu tento ser otimista, de que de alguma forma, é possível tornarmos esse mundo melhor pra todo tipo de existir. um degrau de cada vez.

^{Original image made on Canva using an oeiginal photo by Arthur Massola of the little boy Lino Jorge.}