Quem é Vitalik Buterin, co-fundador da blockchain Ethereum?
É impossível falar de Ethereum sem falar de Vitalik Buterin. Ele, para além de ser um dos co-fundadores, é também a personagem mais influente na que é hoje a segunda plataforma mais valiosa em termos de capitalização de mercado. Em seguida vamos analisar de perto esta figura tão carismática do universo crypto.
O início do interesse no Bitcoin
Vitalik Buterin nasceu na Rússia, na cidade de Kolomna em 1994. O seu pai, Dimitri Buterin, um talentoso cientista de computação, viu-se obrigado a imigrar para o Canadá com a família, na esperança de encontrar melhores oportunidades de trabalho e condições de vida. Após o período inicial de adaptação, as características e genialidade de Vitalik Buterin começaram a vir ao de cima, e foi ainda no ensino básico que foi selecionado para um programa de crianças sobredotadas. Numa entrevista à revista americana Wired em 2016, Vitalik confessou o impacto que essa transição teve para ele:
“Lembro-me que durante um tempo, durante um longo período de tempo, sentia-me meio anormal… Questionava-me o porquê de não poder ser igual as outras crianças.”
Este sentimento de alguma exclusão não se devia as raízes russas de Vitalik ou às dificuldades com o novo idioma, deviam-se antes à genialidade e propensão natural para as áreas de matemática e programação que o faziam destacar-se dos demais.
O primeiro contacto que teve com Bitcoin foi através do pai em 2011, e nessa altura toda a ideia do conceito de criptomoedas pareceu-lhe disparatado devido ao fato de estas não terem valor intrínseco. No entanto, quando se cruzou com o Bitcoin uma segunda vez, a ideia de dinheiro descentralizado e de fortalecimento das classes sociais menos privilegiadas, fez com que Vitalik se interessasse cada vez mais sobre o tema e que começasse a contribuir em blogs e publicações online sobre Bitcoin. Nessa altura as suas contribuições era pagas a 5 Bitcoins por artigo, o que à data de hoje valem à volta de 35 mil euros, mas em 2011 valiam apenas 3.50€.
No final de 2011, Vitalik Buterin que na altura estava com 17 anos juntou-se a Mihai Alisie, um entusiasta do Bitcoin, e juntos fundaram a Bitcoin Magazine, a primeira publicação focada exclusivamente na indústria crypto.
O aparecimento da plataforma Ethereum
Em maio de 2013, Vitalik Buterin então representante da publicação Bitcoin Magazine, participou numa conferência Bitcoin que se realizou em San José, na Califórnia. Ao ser confrontado com o elevado número de pessoas presentes, todas elas a acreditarem e a apoiarem a ideia de uma sociedade mais descentralizada, Vitalik sentiu que tinha chegado a altura de contribuir de uma maneira mais profunda e ativa na indústria crypto.
“Esse momento convenceu-me que isto era algo real e que valia a pena arriscar e dar o salto. E foi o que fiz.”
Algumas semanas após a conferência de San José, Vitalik decidiu cancelar a sua matrícula no colégio onde estava a estudar ciências da computação e começou a encontrar-se como outras pessoas do universo crypto que pensavam da mesma maneira que ele. Vitalik acreditava que a tecnologia onde o Bitcoin tinha sido construído tinha capacidade para fazer muito mais do que simplesmente descentralizar dinheiro, e ao que parece ele não estava sozinho.
Enquanto que muitos tentavam adicionar novas funcionalidades à blockchain do Bitcoin, Vitalik percebeu que o caminho seria a criação de uma nova blockchain com uma linguagem de programação específica, que permitisse a inclusão de um número ilimitado de serviços e funcionalidades. O proposta para o “White Paper” – documento oficial publicado por uma organização que descreve a maneira como se vai enfrentar um determinado problema – da plataforma Ethereum foi criada em Novembro de 2013 e enviada para alguns dos seus amigos. Algumas semanas depois as ideias de Vitalik já tinham encontrado apoiantes e a plataforma Ethereum foi oficialmente apresentada à comunidade crypto em 2014, na conferência Bitcoin em Miami.
Para dar início ao projecto, Vitalik e os outros co-fundadores tiveram que organizar uma campanha de crowdfunding para recolha de fundos, onde os participantes receberam Ether (ETH) – a criptomoeda da blockchain Ethereum – em troca do dinheiro investido no projeto.
A operação conseguiu reunir 18 milhões de dólares em fundos, permitindo assim o início do desenvolvimento da plataforma. Em Julho de 2015 a primeira versão da blockchain Ethereum, chamada de Frontier, foi lançada, e apesar do seu “look” menos sexy acabou por atrair centenas de programadores ao seu ecossistema com a promessa de criação de aplicações descentralizadas.
Desde esse dia a plataforma continua a crescer e a comunidade Ethereum também. Os fundos conseguidos com a campanha de crowdfunding e o desenvolvimento do projeto, são hoje em dia geridos pela Fundação Ethereum, uma organização sem fins lucrativos que foi criada para o efeito.
É seguro dizer que existe muita esperança e confiança naquilo que a plataforma Ethereum pode vir a dar à industria crypto. Vitalik Buterin é o principal profeta da ideia de uma internet descentralizada, e os próximos anos serão decisivos para provar se aquilo que começou numa ideia poderá efetivamente tornar-se numa realidade.