Salamanca, a cidade dourada.
A verdade é que nada havia me preparado para Salamanca. Sabia que era uma cidade universitária, com um centro histórico muito bonito. E só.
As fotos que eu tinha visto na internet eram as da Catedral, de longe, e a fachada da Universidade de Salamanca, uma das universidades mais antigas da Europa. E só.
Chegamos e caminhamos até o hostel (na verdade, um apartamento grande com dois quartos para duas pessoas e um para quatro). O prédio ficava em uma praça com uma igreja do século 16 no centro (é engraçado como, depois de uma semana na Europa, século 16 soe como algo recente). A mulher que nos recebeu no escritório, cobrou o valor, abriu o computador e nos mostrou atrações e depois nos deu o mapa, saiu logo depois pra terminar de lavar o banheiro. Isso foi algo que nos chamou a atenção na Espanha, muita dupla função na jornada de trabalho das pessoas.
Até aí tínhamos transitado apenas pela parte moderna da cidade, com avenidas, prédios e trânsito. Saímos do hostel, caminhamos uns 5 minutos e nada se alterou. Mas, ao virar de uma simples esquina, nossos olhos se arregalaram. Uma paisagem de torres e prédios centenários, monumentos arquitetônicos que vão do medieval ao clássico, todos de uma coloração salmão que pode ir ao dourado dependendo das condições climáticas. Isso porque todas elas, ao longo dos séculos, foram construídas do mesmo tipo de pedra, o dourado de Villamayor. Os prédios são enormes e os calçadões, apesar de largos, às vezes parecem estreitos. Salamanca foi uma cidade muito rica e a sua arquitetura nos traz essa impressão. Ela tem uma beleza toda clássica, quase onírica. Tudo é muito grandioso, amplo, com uma uniformidade que não cansa, e que acaba dando sentido ao conjunto.
E à noite o espetáculo é ainda maior. Todo o centro histórico fica iluminado (algo que não vi em outras cidades, ao menos não nesse nível). O que já era imponente adquire um tom de surreal.
Foi a cidade onde encontramos as melhores e mais baratas tapas. Uma variedade que só vimos em Madri, no Mercado San Miguel, por mais que o dobro do preço. As lojas gastronômicas, onde vendem os jamons e embutidos em geral, são de dar água na boca.
Foram dois dias em Salamanca, e percorremos cada cantinho de suas ruas históricas. Nos perdemos várias vezes mas foi assim que chegamos aos lugares mais especiais. Vontade de morar nessa cidade.