Governo pretende ampliar o processamento do milho em MS
A economia de Mato Grosso do Sul tem por base principalmente a agricultura e pecuária. Atualmente o Estado vive um novo momento com a atração de indústrias que comercializam não só a matéria-prima produzida em MS, mas também os produtos processados. O que já acontece com a soja, florestas plantadas e a bola da vez para a gestão estadual é atrair mais indústrias para o processamento de milho.
Segundo o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a intenção é focar no beneficiamento do grão de milho. “O que nós estamos tentando fazer aqui com o milho, é que hoje temos um consumo que vai para a ração de aves e suínos, que tá crescendo muito. E a ideia é que possamos aumentar o processamento de milho para etanol e também aumentando o número de suínos e aves”, explicou.
Resolução publicada na edição extra do Diário Oficial da sexta-feira (28), acrescenta procedimentos para que seja realizado o licenciamento ambiental de usinas de etanol de milho em Mato Grosso do Sul. Até então, não havia no Estado legislação específica para esse tipo de empreendimento.
Conforme a gestão estadual, os critérios são necessários devido ao desenvolvimento tecnológico e ausência de resíduos, característicos deste tipo de usina e valem apenas para empreendimentos que produzem etanol a partir do milho em circuito fechado, onde não ocorra qualquer tipo de despejo de vinhaça ou derivados.
A resolução estabelece padrões adequados para o licenciamento ambiental das usinas, que ainda deve avaliar o local onde a produção será realizada, os subprodutos, canteiro de obras, captação de água, cogeração e transmissão de energia, complexo de armazenagem de sólidos e líquidos e estrutura de apoio.
O secretário destaca que não há ainda nenhuma indústria deste tipo instalada no Estado, mas que o Governo está fazendo o caminho para que isso ocorra com maior facilidade.“Estamos seguindo uma tendência de mercado que é a expansão das usinas de etanol de milho. Nós trabalhamos para captar investimentos desse porte e já recebemos demanda de indústrias para se instalar em Mato Grosso do Sul, mas todos em fase de prospecção até o momento”, afirma o secretário.
Verruck ainda lembrou que o milho foi o destaque das exportações sul-mato-grossenses em 2019, com aumento de 409% dos envios ao exterior, resultado de uma safra recorde e de uma política estadual de incentivo à logística. Mas, de acordo com o secretário, a tendência é aumentar o consumo interno nos próximos anos.
“Os números mostram que o foco necessário para o Estado está na agregação de valor para exportação. É a linha que queremos adotar. Processar mais as matérias primas internas para que elas possam sair semi elaboradas ou elaboradas, como é a celulose. Nas carnes tornar o MS livre de febre aftosa para que a gente conquiste novos mercados, inclusive suinocultura”, destaca o titular da Semagro.
CELULOSE
A ideia é que assim como aconteceu com as florestas plantadas, o milho saia cada vez mais beneficiado do Estado. Entre os produtos sul-mato-grossenses enviados para outros países, a celulose foi responsável por 37,95% liderando como principal produto da pauta de exportação. As indústrias de Papel e Celulose do Estado se concentram, atualmente, em Três Lagoas. Em 2019, o município foi responsável por 50,65% dos valores exportados por Mato Grosso do Sul entre janeiro e dezembro.
A Suzano tem hoje duas plantas em Três Lagoas, com capacidade de produzir 3,2 milhões de toneladas de celulose por ano e 92% da produção é destinada ao mercado externo. Enquanto a unidade da Eldorado, também localizada em Três Lagoas, produz anualmente 1,7 milhões de toneladas de celulose. Já a nova unidade da Suzano, que será instalada em Ribas do Rio Pardo, produzirá 2,2 milhões de toneladas do produto após o funcionamento.
“A celulose que é fabricada pela Eldorado vai um pouco para mercado interno, mas a principal pauta é a exportação. Você já está agregando valor, porque poderia estar exportando a madeira. O Brasil é um exportador da celulose, com a vinda da Suzano criou-se uma perspectiva, porque diferentemente da Eldorado, a Suzano tem um portfólio muito diferenciado. Temos a International Paper e agora a Unir que está sendo instalada, com investimento de R$ 300 milhões que vai comprar a celulose para fazer o tissue (guardanapo). A nossa ideia é atrair mais empresas, como a de MDF que já funciona. Então a ideia é continuar, com a disponibilidade da celulose a tendência é que outras empresas de menor porte sejam atraídas. Então esse é caminho natural tendo essa matéria prima fantástica disponível”, explicou Verruck.
SOJA
Outro exemplo de produto que já vem sendo beneficiado no Estado é a soja. No ano passado, a soja em grão diminuiu sua participação na pauta da exportação sul-mato-grossense, sendo responsável por 21,62% . O secretário Jaime Verruck explica que a redução se deve ao aumento do esmagamento de soja no mercado interno e a tendência é que as exportações continuem diminuindo em 2020. “A atividade de novas indústrias neste ano vai aumentar o processamento de soja internamente, como a Coamo em Dourados e isso é positivo, pois a operação dentro do Estado gera impostos e agrega valor à cadeia”.
De acordo com o secretário, a cadeia produtiva da soja em MS já está estabelecida. Houve a ampliação da ADM, que antes trabalhava o processamento de soja e a produção do óleo e investiu na produção de proteínas de soja. A ampliação da capacidade de processamento de grãos Cargill. E a Coamo, inaugurada no fim do ano passado, focada no processamento e refino de soja. “Fechamos mais um acordo e agora em Caarapó, a Lar Cooperativa, também faz o processamento. Quando caiu a exportação de soja eu não vi como um problema. Provavelmente esse ano vai cair mais, porque esse ano a Coamo começa a processar pleno, e a Lar em Caarapó. É mais soja processada. Então isso é muito bom para a economia, não é ruim. Porque está indo para o mercado interno, primeiro que no mercado interno o Estado ganha com a tributação e com a exportação não. E ainda acrescenta valor ao Estado gerando farelo e óleo”, analisou o secretário.
Fonte: Correio do Estado
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