A Lua de brinco

Em 28 de novembro de 2012 fotografei uma linda conjunção¹ Lua-Júpiter.

A Lua, você sabe, orbita a Terra. E, astronomicamente, fica logo ali! A distância Terra-Lua em média vale 384.000 km mas varia² entre cerca de 360.000 km e 420.000 km em números redondos. Júpiter está muito mais afastado da Terra do que a Lua. A distância Terra-Júpiter varia entre 630.000.000 km e 930.000.000 km aproximadamente. Note que a distância Terra-Júpiter (de milhares de km) tem três algarismos a mais do que a distância Terra-Lua (de milhões de km).

No entanto, quando olhamos para o céu a olho nu, não conseguimos distinguir distâncias. E por isso temos a impressão de que todos os astros parecem estar presos à Esfera Celeste, uma esfera negra que parece circundar a Terra³.

Assim, Júpiter, apesar de muito mais distante da Terra do que a Lua, nas fotos parece estar logo ao lado da Lua Cheia e “grudadinho” nela.

Pela curiosidade do fenômeno, bloguei e publiquei imagens da conjunção nas redes sociais. Um amigo viu e se animou para observar a curiosa cena. E me mandou uma mensagem dizendo “a Lua está de brinco hoje?”. Achei a frase perfeita! Veja a foto acima e me diga: não parecia mesmo que a Lua tinha resolvido dar um rolê de brinquinho novo!

O post original do Física na Veia! UOL Ciência, ainda na plataforma antiga, continua neste link . A imagem acima foi parar no banner rotativo da home do portal e tive uma audiência enorme naquela noite.

Guardo estas curiosas imagens com carinho. Nesta semana em que vamos completar 49 anos da Conquista da Lua, publico-as por aqui, agora com maior resolução do que no post original de 2012 quando não podíamos postar imagens muito grandes porque a banda de internet no Brasil não permitia.

Abaixo você confere a mesma cena, agora com mais zoom.

Conjunção Lua-Júpiter, agora com mais zoom

Abraço astronômico do prof. Dulcidio. E Física na veia!

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¹ Conjunção é um arranjo de dois ou mais astros que, vistos do referencial de um observador fixo na Terra, ficam praticamente numa mesma linha de visada. Na prática isso equivale a dizer que os astros e o olho do observador estão quase numa mesma reta. Assim, para o observador, os astros parecem estar visualmente muito próximos na esfera celeste, ainda que alguns possam estar mais perto enquanto outros estão mais longe do observador.

² A maioria das órbitas é elíptica (oval) com o corpo central posicionado não exatamente no centro mas num dos focos da elipse. A Lua orbita a Terra numa órbita oval. Logo, a distância Terra-Lua varia no decorrer do tempo. Júpiter orbita o Sol numa órbita elíptica e mais externa do que a Terra que também orbita o Sol noutra órbita elíptica. Logo, a distância Terra-Júpiter também varia. Mas Júpiter sempre estará muitíssimo mais distante da Terra do que a Lua.

³ A Esfera Celeste não existe fisicamente. Mas a ilusão de que ela está lá é tão grande que os astrônomos, dando asas à imaginação, criaram um equador celeste bem como outros paralelos e meridianos celestes. Desta forma, qualquer astro pode ser localizados nesta esfera imaginária por um par de coordenadas celestes. Com o passar das horas, os astros apresentam movimento aparente no céu, nascendo a leste e se pondo a oeste, dando-nos a impressão de que que a esfera celeste gira de leste para oeste. Esse movimento nada mais é do que a projeção do movimento de rotação do nosso planeta que se dá de oeste para leste.